Esclarescendo Luteria

Esta série de Textos tem como propósito esclarecer o que é a arte de construir instrumentos musicais.

Antonio Stradivari, por Edgar Bundy, 1893

A Origem da Luteria

Esclarecendo Luteria | 0 Comentários

Texto número 1 da Série

Escrito por G.Rathunde

18 de dezembro de 2018

Muitas pessoas me perguntam o que é luteria e talvez todo lutier passa pelo mesmo. Esta série de textos denominada Esclarecendo Luteria tem como propósito esclarecer o que é esta arte de construir instrumentos musicais. Trazer algumas histórias, realidades da luteria, diferenças dos instrumentos feitos a mão, principais lutiers do mundo e curiosidades. Hoje como primeira publicação neste sentido quero começar do começo e embora a origem da construção de instrumentos musicais seja tão antiga quanto a civilização humana, o propósito deste artigo é fazer uma introdução breve a luteria clássica e brasileira.

Esclarecendo Luteria 01 A Origem da Luteria

O tocador de alaúde, por Caravaggio, 1594.

Etnologia

A origem do nome luteria etnologicamente vem da palavra francesa Luth que significa alaúde. Luthiers eram chamados os construtores deste instrumento muito popular durante a renascença e barroco, generalizando nos séculos XV e XVI para os construtores de instrumentos de cordas.

 

Luteria, Lutheria ou Luthieria?

Tanto na língua inglesa, como no espanhol, francês e alemão é usado o termo lutheria para o oficio e luthier para o profissional que constrói instrumentos musicais de corda. Talvez você já tenha notado que tenho escrito luteria sem o “h” pois por não haver o “th” na língua portuguesa, os termos corretos portanto é lutier e luteria. Há uma exceção no italiano onde o termo utilizado é liutaio para luthier e liuteria para luteria. No Brasil se tornou comum o termo luthieria talvez por esta confusão com o italiano, porém esta palavra não existe em nenhuma língua. Contudo muitos lutiers mesmo no Brasil utilizam a grafia com “h” por ser um termo mais globalizado e assim sendo mais comercial e menos estranho para as outras línguas. Eu mesmo como definição de minha marca Rathunde Atelier utilizo lutheria.

Instrumentos construídos pela Luteria

A evolução dos instrumentos sempre esteve intimamente ligada a este ofício. Os construtores estão constantemente desenvolvendo instrumentos em conjunto com os musicistas, assim provavelmente ocorreu durante a história dando origem aos violinos, violas, ciellos e contrabaixos advindos da viola da gamba, guitarras barrocas advindas do próprio alaúde, cravos advindos de harpas horizontais e posteriormente as guitarras(violões) advindas das guitarras barrocas e o piano do próprio cravo. No Brasil os lutiers são atribuídos também a construção dos instrumentos de sopro e percussão, porém na Alemanha, Espanha, França, Itália e Estados Unidos, os quais são consideradas as maiores escolas de luteria do mundo, são atribuídos apenas aos cordófilos dedilhados, nome técnico a família de instrumentos de corda os quais são tocados com os dedos diretamente nas cordas. Em resumo, toda as famílias do violino e guitarras elétricas e acústicas incluindo seus ancestrais. Eu vejo esta generalização como positiva e de certa forma traz a profissão para o Brasil com a nossa cara.

Cravo do século XVIII, Museu da música de Paris.

Cravo do século XVIII, Museu da música de Paris.

Luteria no Brasil

Embora a luteria clássica brasileira seja relativamente nova tendo alguns nomes famosos que posteriormente viraram fabricas principalmente de violões cavaquinhos e bandolins do início do século passado como a Giannini, Di Giorgio e Del Vecchio, a primeira escola profissionalizante no Conservatório de Tatuí (Sp) criado em 1980 e o primeiro curso de graduação criado em 2009 pela UFPR o qual sou formado, a origem da luteria no Brasil é tão antiga quanto o próprio país.

Cravo do século XVIII, Museu da música de Paris.

Aorélio Domingues e Instrumentos de sua autoria tipicamente Caiçaras. Fonte Folha do Litoral.

De forma informal está relacionada diretamente aos jesuítas que traziam consigo instrumentos musicais e ao conviverem com os povos indígenas passaram a ensiná-los a interpretar e provavelmente a construir também como parte da catequização cristã. Rabecas e violões são utilizados até hoje em dia rezas guaranis chamadas de Tarowa ilustrando essa influência. Assim como as romarias e fandango do povo litorâneo sul brasileiro denominado caiçara, o qual utiliza viola, rabeca e pandeiro sendo talvez os primeiros lutiers brasileiros. Sua cultura tem início ainda no século XVI e possui intima proximidade a música litorânea portuguesa, assim como a viola caipira do interior do país tem grande proximidade a algumas violas utilizadas em Portugal.

Bibliografia

Anotações e Apostila das disciplinas “Educação Musical” e “Cultura Regional”  ministrada pelo docente Juarez Bergmann cursadas na graduação de Tecnólogo em Luteria pela UFPR pelo autor.

Anotações de conversas e palestras do Aorelio Domingues da Associação de Cultura popular Mandicuera sobre história do fandango.

Este texto está repleto de generalizações e simplificações, se quiser realmente saber a história terá se aprofundar no assunto.

Cravo do século XVIII, Museu da música de Paris.

Meu quarto atelier em Curitiba, cursando o curso de luteria em 2015.

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