O maior problema Ecológico do Mundo
Escrito por G.Rathunde
Os maiores problemas ecológicos e sociais hoje estão direta ou indiretamente relacionados à produção de recursos, dentre elas a agricultura.
A degradação e compactação do solo, monocultura latifundiária, excessivas queimadas, diminuição da variabilidade genética, uso de insumos químicos e canalização da matéria orgânica para os leitos dos rios resultam em sérios problemas para o meio ambiente como desertificação, interferência no volume de chuvas e assoreamento de rios, lagos e represas.
Na história da humanidade temos diversos exemplos dos efeitos destes problemas e a ideia da “revolução verde” vendida desde a década de 1930 estimulando a mecanização, insumos químicos e sementes manipuladas geneticamente intensificou estes processos. Os campos de cultivo de diversas civilizações como do império romano, Babilônia, Egito e até mesmo império inca e azteca entre outras hoje são vastos campos desertificados pelo cultivo excessivo de poucas espécies vegetais. Hoje mesmo no Brasil sofremos com ausência de chuvas pois não temos mais a floresta para nutrir os céus com água.
Queimadas na Amazônia peruana, 2010.
A elite sem interesse. O povo sem perspectivas.
O solo é o que nutre a planta. Como ficaria sua nitrição se comece apenas pizza? Esta é a ideia da solução mágica na revolução verde. Nutrir a planta com uma solução de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Três dos seis macronutrientes necessários para as plantas serem saldáveis não parece sensato, sem mencionar os sete micronutrientes e diversos elementos benéficos. Isso gera outro problema: plantas com desnutrição funcional são mais suscetíveis a pragas e doenças. Na década de 1920 o milho possuía cerca de 40 pragas, hoje são mais de 400.
Além de estamos comendo um alimento desnutrido, constantemente provado quando comparado com alimentos orgânicos, estamos desertificando o solo e financiando companhias que vendem sementes, produtos químicos e máquinas. O motivo é simples e lógico. As mesmas companhias donas desses produtos e dessa solução maravilhosa são donas de laboratórios de medicamentos que usamos diariamente.
A elite sem interesse. O povo sem perspectivas.
A agricultura mudou muito depois da década de 1930 como já mencionei. Depois da crise de 29, onde caiu a bolsa de valores de Nova Iorque pelo ritmo acelerado que os estadunidenses estavam produzindo desde o final da primeira guerra. As indústrias sintéticas não sabiam o que fazer com a produção, maior parte destinada a indústria bélica (de armamentos). Eureca! Nasce o tal de NPK. Venderam essa ideia com o marketing de acabar com a fome do mundo e na década de 50 os EUA e Europa já usavam em massa os fertilizantes químicos. Hoje a maioria dos agricultores não acredita em outro tipo de agricultura sem uso destes adubos solúveis. Além do NPK são inseticidas, fungicidas e bactericidas e herbicidas para controlar as plantas indesejáveis.
“A agricultura convencional hoje está construída a partir de seis leis básicas: cultivo intensivo do solo; monocultura; irrigação; aplicação de fertilizante sintético; controle químico de pragas e doenças e manipulação genética das plantas. Cada uma é usada por sua contribuição individual à produtividade, mas, formam um pacote no qual cada prática depende da outra e o seu uso reforça a necessidade da utilização das outras práticas. A produção de alimentos é tratada como um processo industrial na qual as plantas assumem o papel de fábricas em miniatura.
Problemas Relacionados a Agricultura Moderna:
Todas essas práticas da agricultura convencional vêm ocasionando o que podemos chamar de efeitos colaterais, que são os impactos ambientais e sociais. Vejamos alguns:
- Desperdício e uso exagerado de água: Fatores para os quais a agricultura é responsável por dois terços do uso global;
- Degradação do solo: que pode envolver salinização; alagamento; compactação; contaminação por agrotóxicos; declínio da estrutura física; perda da fertilidade e erosão;
- Poluição e desequilíbrio ambiental: com a intensificação das pragas existentes; desenvolvimentos de novas pragas; eliminação de insetos benéficos; redução das populações de aves e outros animais; desmatamento indiscriminado; contaminação das águas superficiais e dos lençóis subterrâneos e contaminação atmosférica pelos gases liberados dos fertilizantes nitrogenados e pelos motores;
- Perda da diversidade genética: na qual, por exemplo, apenas seis variedades de milho (de mais de 50) correspondem por mais de 70 % da produção mundial, causando uma maior vulnerabilidade às “pragas”; doenças e a fatores ambientais, já que com a uniformidade genética das plantas perde-se a capacidade de encontrar plantas com genes resistentes ou adaptativos;
- Perda do controle local sobre a produção agrícola: pelo crescimento da agricultura de larga escala para exportação, na qual o agricultor familiar é empurrado para fora da terra, migra para as cidades e se torna dependente para sua alimentação. Já que a maior parte do alimento produzido é destinado à exportação, quantidades crescentes de alimento devem ser importadas, ameaçando a segurança alimentar;
- Desigualdade global: embora haja aumentos na produtividade a médio prazo, a fome persiste em todo o mundo. Com frequência, as nações em desenvolvimento produzem principalmente para exportação para países desenvolvidos, usando insumos externos comprados destes. Enquanto os lucros das exportações enriquecem uma pequena elite, muitas pessoas no Brasil, passam fome. Embora a desigualdade sempre tenha existido, a modernização da agricultura acentuou o problema, porque seus benefícios não são distribuídos igualmente.
- Efeitos sobre a saúde humana: quando os agricultores que manipulam agrotóxicos sofrem intoxicações constantes, sendo algumas fatais. Pesquisas revelam que ocorrem por ano, pelo menos três milhões de casos de envenenamento e 20 mil mortes por agrotóxicos em todo o mundo. A contaminação dos alimentos por produtos químicos atinge todos os consumidores e em muitos casos o efeito é acumulativo, podendo se manifestar na forma de doenças como o câncer e desequilíbrios hormonais. Outro problema é a diminuição do valor nutritivo dos alimentos convencionais, acarretando problemas sérios de desnutrição na população em geral.” (EMATER-PR)
Se colocássemos todos estes prejuízos ambientais no valor do alimento ele atingiria preços estratosféricos.
Você provavelmente se pergunta agora, mas se nem em civilizações antigas ou hoje com nossa tecnologia conseguimos produzir alimento de forma sustentável, como então seria possível?
Agricultura Sintrópica
Ao invés de manter a nutrição do solo através de insumos orgânicos ou químicos passamos a produzir os nutrientes para as plantas acompanhado do que estamos cultivando.
Isso é possível com a biodiversidade. A folha do coqueiro é rica em fósforo, um dos macronutrientes necessários para as plantas. Então quando as folhas caem e apodrece ela nutre o solo. Bananeiras são ricas em potássio e ao colher o cacho ela é cortada para dar lugar a próxima que esta ao lado. A grande maioria das leguminosas enriquecem o solo com nitrogênio por associações com bactérias em suas raízes chamadas micorrizas. Essa é a base da sustentação dos sistemas naturais. Uma planta fornece adubo para a outra.
Isto não é maravilhoso?
As principais vertentes da agriculturas ecológicas são baseado na sintropia, são elas:
- Agricultura Orgânica – Criada por Albert Howard na Índia na década de 1920.
- Agricultura Biodinâmica – Criada por Rudolf Steiner em 1920 na Áustria.
- Agricultura Natural – Criada no Japão por Mokiti Okada em 1930 e disseminada por Masanobu Fukuoka.
- Permacultura – Criado por Bill Molison e David Holmgren na década de 1970 na Austrália.
Características Comuns
Todas elas têm seus princípios baseados nas seguintes características:
- Diminuição ou extinção das queimadas, quando usada é apenas para abrir o campo na fase inicial.
- Biodiversidade de plantas criando combinação que produzem alimentos e adubo simultaneamente.
- Barreiras físicas e biológicas para a água como os chamados swales que são canais de infiltração nos momentos de chuva para evitar de lavar os nutrientes do solo.
- Uso controlado de maquinário, para evitar a compactação e revirar a estrutura físico-química biológica que o solo forma.
É possível sim combinar uma produção a favor do meio ambiente sem abandonar a tecnologia moderna. A grande diferença pra mim é o propósito com o qual é feito. Não é apenas uma atividade lucrativa mas também ser restauradora da vida em prol da saúde do planeta e de todas as formas de vida.
Referências Bibliográficas
-
Oliericultura orgânica, EMATER-PR.
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